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Passarela do Álcool – Porto Seguro – Bahia | Janeiro de 1999, quinta-feira.

“Misto de shopping center com zona boêmia, a Passarela do Álcool, no centro da cidade, é o ponto de encontro para o pré-night. Por lá estão lojas de artesanato e souvenirs, butiques, bares e restaurantes que ganham a companhia de barracas de batidas ao entardecer. É o melhor lugar para degustar a culinária típica baiana e também delícias à base de frutos do mar”, era o que dizia o guia turístico.


De fato, o local era tudo aquilo que estava escrito. Só esqueceram de mencionar o mais importante: escondido num canto, entre um bar e uma loja de camisetas, havia um fliperama com uma boa seleção de máquinas em bom estado – recentes, coisa rara pra uma cidade de veraneio – e ficha por 25 centavos! Não era à toa que o lugar vivia lotado de garotos. Na máquina mais disputada, The King of Fighters’98, era impossível jogar sozinho. Para diminuir as filas, estipularam que, naquela máquina, só disputariam contras. Ninguém reclamava, afinal, assim era bem mais divertido.

Ela descobriu o lugar por acaso, na noite do segundo dia de viagem, quando passeava pela Passarela com os pais. Depois disso, não voltou mais à praia. Fizesse sol ou mais sol ainda, lá estava ela – acompanhada do irmão – jogando TKoF ’98.



Aquela noite não era diferente. Juntamente com os pais, irmãos, tios e primos, ela foi pra Passarela do Álcool. Enquanto eles procuravam um restaurante pra jantar, ela - sempre com o irmão – correu para o fliperama. O local, pra variar, estava lotado: ela já tinha enfrentado todos aqueles garotos – a maioria turista – durante os dias que lá freqüentou. Tinha vencido todos eles, e perdido de quase todos também. Sabia como jogavam, seus personagens favoritos e de onde vinham – mas não sabia seus nomes, nem eles sabiam o dela.

“Melhor vocês não demorarem. Já, já eles escolhem o restaurante e vão fazer os pedidos”, disse a prima, enquanto eles compravam as fichas.

“Tudo bem”, disse ela, “hoje eu não vou ficar muito tempo. Mas não saio daqui enquanto não tiver meu acerto de contas!”

Ela tinha vencido todos os garotos que lá jogavam. Todos, menos ele. Ele disse que era de São Paulo. Aparecia por lá nas terças, quartas e quintas. E não perdia pra ninguém. Jogava poucas partidas e ia embora. Os pais não o deixavam ficar lá por muito tempo, era o que parecia. Aquela quinta-feira seria o último dia que ela poderia enfrentá-lo. Domingo de manhã ela voltava pra Brasília, e ele só apareceria no fliperama de novo na terça-feira seguinte. Aquele era o dia! Ela tinha treinado muito à tarde só pra isso.

Mas o tempo passava, e nada dele aparecer.

“Não vai jogar?”, perguntou o irmão.

“Agora não. Quero estar com os dedos descansados pra quando ele aparecer.”, ela respondeu.

O irmão deu os ombros e entrou na fila. Deus, será que justo aquele dia ele não ia vir?

“Hey, vamos comer na pizzaria. Vem fazer seu pedido.”, era a prima, que tinha voltado ao fliperama.

“Ah, escolhe qualquer coisa pra mim. Eu vou quando a comida chegar”, ela respondeu, já mordendo a unha do polegar. Era a última chance. A última chance de mostrar a si mesma que podia vencê-lo. E ela não ia querer estar escolhendo uma meio-calabresa-meio-margherita na pizzaria quando ele chegasse.

Alguns minutos depois, ela ouviu alguns garotos da fila do TKOF’98 comentarem: “Ahh, chegou o viciado”. Do lugar onde ela estava, pode vê-lo se aproximar do caixa onde vendiam as fichas. Era ele! Finalmente!

“Hey!”, ela foi cumprimentar.

“Oi! Eu não vou ficar muito tempo hoje. Pai enchendo, nem era pra eu vir.”, ele respondeu.

“Aah. Mas não tem como você esperar até eu te enfrentar? É que eu vou embora no domingo...”

Ela não precisou terminar a frase. Como Kyo Kusanagi e Iori Yagami, os grandes rivais se entendem sem necessidade de palavras, no campo de batalha. Ele sabia o que ela queria.

“Ok, vamos pra fila então.”, ele disse.

Enquanto esperava sua vez, o coração dela batia mais forte, as mãos suavam frio. “Deve ser assim que os atletas se sentem quando disputam uma partida decisiva”, foi o que ela pensou. A vez dela chegou primeiro que a dele. Pela fila, ela deveria enfrentar dois outros meninos antes da partida decisiva. E teria que ganhar deles pra poder enfrentá-lo!

“Muito bem, muito bem... Ryo... deixa eu ver... Kim... e... Iori! Ok, vamos!”

Batalha #1
Ryo contra Clark. Clark down. Ryo contra Chang. Chang down. Ryo contra Chizuru. Ryo down. Kim contra Chizuru. Chizuru down. A vitória era dela!

Batalha #2
Iori contra Terry. Terry down. Iori contra Mai. Mai down. Iori contra Shingo. Shingo down. Mais uma vitória!

Ela derrotou os dois aperitivos. Era hora do prato principal. As mãos dela latejavam, não por causa das duas partidas anteriores, mas pelo nervosismo.

“Clark, Choi e Yamazaki, como sempre?”, ela perguntou.

Ele sorriu e escolheu exatamente esses personagens. Era hora da batalha final. A sorte estava lançada!

Batalha Final

Ryo contra Clark. Ryo down.


Kim contra Clark. Clark down.

Kim contra Choi. Choi down.


Kim contra Yamazaki. Kim down.

Iori contra Yamazaki.

Todos estavam assistindo aquele embate. Se havia torcida, não era manifesta. Estavam todos em silêncio, esperando o resultado.

Round 5... ready, GO!

Aquela era a luta da vida dela. E ela daria tudo de si.
“Voadora forte. Merda, antiaéreo. Melhor ter cuidado. Pula pra trás. Magia, magia. Forte, fraca. Forte, fraca. Ele não consegue jogar o hadouken do Iori de volta pra mim. Ele vai tentar desviar agora e eu encaixo o especial. Isso, pegou! Toma! Toma! Nake, sakebe, soshite shine! Voadora. Ah, que mentira, especial não! Eu sabia que ele ia usar isso, mas não era pra pegar!.”

Era uma luta equilibrada, mas a vantagem, dessa vez, era dela! Só mais um golpe. Só mais um e ela ganharia finalmente. Só acertar aquele golpe...

Alguém a sacudiu pelo ombro.

“Vem, a pizza ta pronta.”

Era a prima. A prima veio chamar pra comer. Justo naquele momento.

K.O.
Winner is Yamazaki!

“Hey”, a prima sacudiu o ombro mais uma vez, “vamos logo, a pizza vai esfriar.”

Mas ela não comeu a pizza naquela noite. E, no dia seguinte, foi à praia.

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Essa história é baseada em fatos reais.
A descrição da Passarela do Álcool foi retirada daqui.
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